Mas toda a gente, ou quase toda, ou se calhar apenas meia
dúzia, me pergunta por que deixei de escrever, como se isto fosse escrever. As
coisas são o que são e isto é o que é. Mas percebo que queiram ver um novo
texto todos os dias, eu gostava, mas não consigo. Não consigo porque estou em
ensaios, ou não consigo porque entretanto mudei de casa, ou não consigo porque
o que tinha a escrever seria demasiado para que eu próprio o conseguisse verbalizar.
Mas aqui estou eu, inteiro, com a promessa de o voltar a ser todos os dias, e o
arrependimento de não o ter sido por cobardia ou inabilidade (na verdade estou
feliz por ter estado calado: o silêncio é, a palavra não é – uma lição que os
merdas que publicam tudo e mais alguma coisa deviam aprender, mas eles que se
fodam).
Estou assim, sozinho e quieto, mantenho o ódio pelos outros sem
saber quem eles são.
Outra coisa: começámos os ensaios de ICTUS no Teatro
Experimental de Cascais, uma peça que escrevi no final de 2011 e que vai
estrear no próximo dia 27 de Março. Quando se escreve um texto de teatro neste
país, dá-se graças aos deuses por ele ser representado. Em princípio não haverá
segundas leituras, e neste caso as coisas não vão ser diferentes. Está tudo a correr
bem, o elenco é bom e as quase três semanas de ensaios de leitura serviram para
esclarecer alguns pontos que ninguém compreendia, e que o público não irá
compreender.
Faço um parêntesis. Sou bom a fazer parêntesis, faço-os
sempre no sítio certo. Escrevi ICTUS no
final de 2011, a Lídia Muñoz e o Pedro Caeiro foram os primeiros leitores do
texto, os primeiros a acreditar nele, a dizerem-me que ele valia a pena. Devo-lhes
muita coisa. É uma merda as coisas não correrem como queríamos. Mas temos de
viver com o que temos.
Falta menos de um mês para a estreia e há muita gente que
deseja que isto corra mal, há muita gente a querer ver-nos cair. Isso não vai
acontecer. Não vai mesmo acontecer.
De 27 de Março a 27 de Abril: ICTUS, no Teatro Municipal
Mirita Casimiro.
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