Deito-me e
acordo. Levanto-me da cama e sento-me à mesa. Gosto de estar sentado à mesa.
Daqui a nada tenho aulas. Vou fumar um cigarro. Gosto dos meus amigos. Tenho
saudade dos meus amigos. Ao almoço vamos comer um cozido. É Domingo. Não gosto
dos Domingos. Gosto dos Domingos. Rimo-nos todos juntos. Vemos vídeos no
telemóvel. Ela chora. Ele também. Eu não. O teatro é a nossa vida. Queremos voltar para
trás. Somos amigos. A vida não presta. A vida é uma festa. Escrevo em verso.
Porquê? Porque te pediram. Não vou escrever hoje. Demasiado cansado. À noite é
sempre mais fácil. Um cobertor. Uma almofada. E depois a urgência de não
dormir. Quem é que quer dormir? Mas daqui a nada tenho aulas. Não é insónia.
Gostava de fazer um parágrafo. Ouve música. Play. Ludovico Einaudi. Cliché.
Ninguém acredita em ti. Olha em frente. Uma cortina. Branca. Falámos de quê? É
um texto curto. Tens de o acabar. Não. Não fiz nada. Há dias em que não se faz
nada. Não se consegue fazer nada. Olha em frente. Já olhei. Uma cortina.
Branca. Tenho saudades de ter frio.Tenho medo de voltar a ter frio. Os
teus alunos vão ler isto. E então? Deixa-me falar. Então diz qualquer coisa. Não.
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