sábado, 18 de outubro de 2014

SEM TÍTULO

A propósito de literatura, dizia Oscar Wilde que se dividia em duas categorias: a boa e a má.
A propósito de livros, esteve há uns dias em Portugal um senhor de nome Romain Puértolas (ou Puertólis, não consigo decifrar a minha caligrafia) que vendeu, só em França, 300.000 exemplares do primeiro romance, já traduzido para tudo o que é língua, e que apresenta um título auspicioso: A Incrível Viagem do Faquir que Ficou Fechado num Armário do IKEA. A entrevista despertou-me interesse porque Puertólas (ou Puertólis) afirmava com orgulho que tinha escrito a história num único mês, duas horas por dia, no metropolitano, uma hora para o emprego e outra para casa, usando o iPhone como processador de texto. Puertólas (ou Puertólis) é um fanático da escrita, diz que escreve a qualquer altura e em todo o lado, nas camisas com canetas stencil, no espelho da casa de banho com batom. Imagino-o a escrever a sua magnum opus sentado na sanita em rolos de papel higiénico. Este evidente caso de mania recordou-me o intragável Quills de Philip Kaufman, em que o sempre ilustrativo Geoffrey Rush se esforçava por credibilizar um Marquês de Sade muito pateta que aparentemente não conseguia sobreviver sem câibras nos dedos.
A propósito, encontrei hoje na Fyodor Conde Belisário de Robert Graves, na edição da Estúdios Cor de 1964. Custou-me dois euros e ainda tem as páginas por cortar, como se fazia antigamente. 
De maneira que vou largar o iPhone que também uso para escrever, mas só algumas destas crónicas e pegar no corta-papéis, é que este ao meu lado esteve 50 anos à espera de ser lido.

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